Declaração Política do Diretório Estadual do PSTU-PR
O PSTU apresentará candidatura própria à presidente e também ao governo do estado no Paraná, para reafirmar um programa socialista que represente de fato mudanças a favor dos trabalhadores e milhares de jovens que foram as ruas no ano passado. Nesta declaração política explicaremos os motivos pelos quais não foi possível avançar na aliança com PSOL e PCB. As cartas trocadas entre PSOL e PSTU serão publicadas no final do texto.
A nova situação política do país, iniciada com as gigantescas manifestações em junho do ano passado, mostraram que o caminho para realizar as verdadeiras mudanças no país é o da luta direta da classe trabalhadora e sua juventude. Por isso apoiamos as greves que ocorrem em várias cidades. A COPA do mundo não está empolgando boa parte da população que percebeu o descaso dos governos com o povo.
Neste cenário político é importante unificar todos os que estão dispostos a lutar nas mobilizações e greves que estão acontecendo, nesta COPA vai ter luta e nós iremos apoiá-las ativamente. Estamos em ano eleitoral e também é nossa obrigação enquanto partido de esquerda apresentar uma alternativa socialista, anticapitalista e anti regime que enfrente os projetos do PT de Dilma e Gleisi, do PSDB de Aécio e Richa, do PSB de Campos, a REDE de Marina e demais partidos burgueses que apresentarão candidaturas nessas eleições.
No Paraná, Beto Richa (PSDB) demonstrou nesses quatro anos que não governa para os trabalhadores. Mas é preciso dizer com todas as letras que nem Requião (PMDB) e nem Gleisi (PT) representam mudanças a favor dos trabalhadores. Ambos os projetos pretendem governar para os grandes empresários que irão financiar e apostar em suas campanhas. Requião e Gleisi são senadores e nada fizeram para mudar a política do país após as manifestações do ano passado. Gleisi era a ministra chefe da casa civil no governo Dilma até o início deste ano, ou seja, foi parte do governo que priorizou investir bilhões de reais nesta COPA.
Porque não foi possível a Frente de Esquerda no Paraná?
Não foi possível reunir com o PCB por que estava em período de definição sobre qual seria sua política perante as eleições 2014. Em abril o PCB definiu que lançará candidaturas próprias para presidente e ao governo do estado.
Nas três reuniões realizadas com a direção estadual do PSOL reafirmamos nossa intenção pela unidade da esquerda através de uma frente nas eleições. Nelas explicamos os critérios e condições políticas que para nós deveriam ser consideradas para avançarmos na unidade:
1. Apresentar nas eleições um programa socialista e anticapitalista, que represente de fato os interesses da classe trabalhadora e da juventude. Tal programa deve representar as demandas levadas às ruas em junho do ano passado, mas precisa expressar mais do que isso, deve representar as reais demandas dos trabalhadores, incluindo a luta contra toda forma de opressão. Ele precisa ser construído democraticamente com todos aqueles e aquelas que lutam contra a exploração e opressão capitalista.
2. Contra qualquer tipo de aliança ou apoio de partidos burgueses. O arco de aliança deve ficar restrito apenas ao PSTU, PSOL e PCB.
3. Não pode receber qualquer tipo de apoio financeiro da burguesia e suas empresas.
4. Respeito ao peso político e a inserção social dos partidos na classe trabalhadora.
Em base a esses critérios explicamos que o PSTU não poderia simplesmente fazer uma adesão às candidaturas do PSOL. O programa, o financiamento de campanha, o arco de alianças e o respeito ao peso dos partidos são condições políticas fundamentais. Na ocasião propusemos que cada partido ocupasse uma candidatura de importância, ou Governo ou Senado. Para nós não estaria correto nenhum dos partidos ocupar as duas candidaturas de maior destaque no dialogo com as massas.
A partir deste entendimento informamos que estaríamos dispostos a abrir mão da candidatura ao Governo do Estado, ficaríamos com a candidatura ao Senado.
Diante dos critérios e condições apresentadas a direção estadual do PSOL nos informou que a Frente de Esquerda dependeria da definição de sua Conferência Eleitoral Estadual. Foi quando decidimos suspender as reuniões e aguardar o resultado da Conferência Eleitoral.
Esta Conferência foi realizada na metade do mês de abril, quando veio a público a informação de que o PSOL teria Bernardo Piloto como candidato ao Governo e Piva como candidato ao Senado.
Após a Conferência Eleitoral o PSTU não foi procurado oficialmente para dar continuidade ou por fim ao esforço pela construção da Frente de Esquerda no Paraná. Não tivemos o retorno prometido quanto a disposição política de avançar na unidade nas eleições em base aos critérios que vínhamos debatendo e que acabamos de explicar acima. Então escrevemos uma carta¹ com o conteúdo exposto acima à direção estadual do PSOL, solicitando sua posição oficial sobre a frente.
A resposta da direção estadual do PSOL² foi: “Em nossa Conferência Eleitoral foram aprovadas as candidaturas de Bernardo Pilotto ao Governo e Luiz Piva ao Senado. Sobre o diálogo com PCB e PSTU, definiu-se por seguir estabelecendo conversas com ambos partidos, nos marcos já definidos das candidaturas majoritárias para o PSOL. Esclarecemos, que a composição do PSOL enquanto partido de tendências teve peso substancial na indicação das vagas ao Governo e ao Senado.”
Como vemos não foi atendido um dos critérios que apresentamos nas reuniões, de que o peso social e político dos partidos deveriam ser considerados na composição da chapa majoritária da frente, onde abriríamos mão da candidatura ao governo do estado mas não do senado. Fica claro que a proposta do PSOL é que façamos uma simples adesão a sua chapa definida.
O argumento de que “a composição do PSOL enquanto partido de tendências teve peso substancial na indicação das vagas ao Governo e ao Senado” não nos diz respeito e não podemos aceitá-lo como justo. Nosso esforço de unidade é com o partido PSOL e não com uma ou outra corrente, tão pouco podemos nos submeter a uma decisão que busca acomodar a unidade interna entre as correntes deste partido. Trata-se de fazer um esforço político sincero pela unidade entre partidos que se mantém na oposição de esquerda, que aliás seria fundamental para fortalecer a disputa pela esquerda.
Mais adiante encontramos na carta: “O PSOL, como já foi colocado em outros momentos, tem acordo com os 4 pontos trazidos pela vossa carta. Além disso, temos a vaga de vice a disposição em nossa chapa majoritária e, principalmente, consideramos que a questão do espaço dos partidos nos programas e na campanha como um todo não se resume a vaga na chapa majoritária.”
Está escrito na carta da direção do PSOL “temos a vaga de vice a disposição em nossa chapa majoritária”, ora, fica claro que este partido entende a unidade como uma simples adesão do PSTU a sua chapa. Não podemos aceitar essa postura hegemonista, nosso partido tem trajetória na luta de classes internacional, somos um partido nacional com significativa inserção na classe trabalhadora e participação nas lutas políticas do país. No Paraná não é diferente, temos presença política nas lutas e inserção na classe trabalhadora.
O PSTU e PSOL possuem projetos estratégicos distintos, somos um partido que tem a revolução socialista como estratégia enquanto o PSOL entende que é possível avançar através das reformas nos marcos do capitalismo, as eleições e a aliança eleitoral são questões táticas para nós. Participamos das eleições para fazer avançar a influência do programa socialista sobre as massas; para apoiar as lutas e mobilizações dos trabalhadores; para denunciar a corrupção, a hipocrisia e os interesses da classe dominante, dos seus partidos e instituições da democracia burguesa; para denunciar a traição dos partidos (como PT) que dizem representar os explorados e oprimidos.