Sempre é bom refrescar a memória...
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PT: dos trabalhadores a partido das empreiteiras
Avanilson Araújo
Dirigente estadual do PSTU-PR e ex-candidato a governador do Paraná
As recentes divulgações da imprensa nacional sobre o envolvimento de lideranças do PT paranaense, entre eles, a Ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann, seu marido e também Ministro Paulo Bernardo e o deputado estadual Ênio Verri com a empreiteira maringaense Sanches Tripoloni revelam, em mais esse episódio, os verdadeiros interesses de classe dos dirigentes petistas na condução do governo.
O governo Dilma (PT) encerra o primeiro semestre com a queda de dois ministros, ambos por denúncias de corrupção e suspeitas de enriquecimento ilegal, fazendo dos cargos públicos ocupados uma ponte para seu enriquecimento pessoal, através de esquemas de favorecimento de grandes grupos empresariais.
Segundo a cobertura jornalística, a empreiteira Sanches Tripoloni teria aumentado os seus contratos com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Tranportes) em 1.273% durante os anos do governo Lula, sob a batuta do então prestigiado Ministro do Planejamento Paulo Bernardo. A empreiteira conseguiu a façanha de aumentar seus contratos de 20 milhões em 2004 para R$ 267 milhões em 2010.
Como forma de retribuir o bom andamento dos negócios a empreiteira tornou-se uma das grandes doadoras das campanhas, principalmente, dos partidos aliados ao governo. Somente para o PT, o PR e o PMDB foram mais de 6 milhões de reais nas últimas eleições. A então senadora e atual Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann recebeu da Sanches Tripolini R$ 510 mil para “ajudar” em sua campanha eleitoral. Além dela, foram favorecidos no Paraná políticos como Ênio Verri (Presidente estadual do PT) e Ricardo Barros (PP), que já foi vice-líder do governo Lula e agora é Secretário Estadual do governador Beto Richa do PSDB.
O círculo em que os dirigentes do PT ingressaram envolve um discurso de defesa dos trabalhadores, para manter o movimento social sob o seu irrestrito controle, além de vultosas somas de dinheiro, tanto para as campanhas eleitorais que são pagas por empreiteiras, bancos, grandes empresas do agronegócio, como quando chegam ao governo e passam a atuar em esquemas suspeitos de favorecimento, direcionamento de licitações e enriquecimento ilegal, para atender os interesses de seus financiadores. Afinal, o que levaria a mesma empreiteira a financiar o PT e políticos como Ricardo Barros e Cida Borghetti, ambos do PP, a não ser a absoluta certeza de que todos eles caso eleitos governarão para atender seus interesses privados?
O PT, que nas décadas de 70 e 80 era um dos principais instrumentos de luta dos trabalhadores brasileiros, tornou-se o braço direito do capital para gerir o Estado e garantir os negócios priivados da burguesia. O fortalecimento de lideranças como Gleisi Hoffmann, Ênio Verri, Paulo Bernardo e outros, só demonstram o grau de degeneração que atingiu esse partido que, valendo-se de seu prestígio junto às massas trabalhadores, conseguem se eleger para governar contra os trabalhadores.
Para se ter uma idéia, na época da campanha eleitoral, enquanto quase nenhum candidato tinha acesso às obras do contorno norte em Maringá (que estão sendo questionadas no Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento), a então candidata ao Senado Gleisi Hoffmann, acompanhada do também candidato e dirigente estadual do PT, Ênio Verri, tiveram livre acesso para falar aos operários da construção da obra da Sanches Tripoloni e prometer um mundo melhor, com a continuidade do que foi o governo Lula, sendo aplaudida pelos trabalhadores que por ironia do destino trajavam uniformes na cor laranja.
É nossa tarefa alertar aos trabalhadores que ainda mantém suas esperanças no PT, que infelizmente, quando se governa para os grandes empreiteiros, latifundiários e banqueiros, é impossível sobrar do bolo, algo que não sejam as migalhas que sobraram da farra da corrupção e dos esquemas montados para atender e garantir os interesses dos grandes grupos empresariais que financiam suas campanhas.
Por isso é necessário seguir na luta pela construção de uma ferramenta dos próprios trabalhadores que tenha independência política e financeira para governar em seu favor, ao mesmo tempo em que devemos exigir medidas imediatas como o fim do financiamento privado das campanhas, mandatos revogáveis a qualquer momento pelo voto direto dos trabalhadores, além do fim dos privilégios dos cargos eletivos, com o estabelecimento do salário operário, pois todo operário sabe que quando uma ferramenta não serve mais para consertar o defeito da máquina é preciso trocá-la.
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