Por Bruno Coga, candidato à vice-prefeito na coligação "Maringá Para os Trabalhadores" PSOL/PSTU
Nas últimas semanas
assistimos em vários lugares do país um tremendo desrespeito à base do PSOL
efetuada por sua direção. Em Belém, o alto escalão do PT, com Lula, Dilma e
Mercadante, apareceu no programa de Edmilson Rodrigues, candidato ao segundo
turno do PSOL chamando voto neste candidato e ratificando seu compromisso com o
Governo Federal. No Amapá, o PSOL recebeu apoio do DEM e PSDB e, em declaração,
o Senador Randolphe Rodrigues afirmou: “Estamos apontando não simplesmente uma aliança política,
estamos apontando um caminho político novo no Amapá". Em São Paulo, Plínio
de Arruda Sampaio disse preferir Serra à Haddad para a prefeitura e Ivan
Valente, presidente nacional do PSOL, declarou achar natural tais apoios no
Norte. Acreditamos que a militância do PSOL, aguerrida e lutadora, que está
conosco dia-a-dia nos movimentos sociais não merece tamanho desrespeito!
Tais apoios e
declarações estabeleceram muitas divergências entre os militantes do PSOL.
Algumas correntes chegaram a romper com essas campanhas e chamar voto crítico
em seu próprio partido (Assim como o PSTU o fez em Belém. Em Macapá, chamamos
voto nulo!).
Em Maringá, Débora
Paiva já havia se pronunciado nas eleições: em uma entrevista à Gazeta do Povo, Débora afirmou que “seria incoerente da nossa parte (o apoio a algum candidato).
Mas agora é hora do eleitor maringaense votar no menos pior."[1]. Hoje numa
postagem sua no facebook, a ex-candidata a prefeita de Maringá, chama voto crítico em Enio
Verri neste segundo turno. Postagem essa, às vésperas das eleições e que
deixam, tanto para nós, quanto, aparentemente, para os demais companheiros do
PSOL, uma série de questionamentos.
Nesse sentido,
gostaríamos de colocar o posicionamento do PSTU, sobre a
referida nota:
Primeiramente, esta
nota nos causa estranheza e indignação, tanto pela forma como foi colocada,
quanto pelo conteúdo apresentado. Não temos acordo algum com o conteúdo postado
por Débora em sua rede social.
Parece-nos estranho
e contraditório tal posição adotada ao considerar o programa que defendemos
durante toda eleição. Marcamos nossa posição tanto contra os ataques aos
trabalhadores efetuado pelo grupo de Barros na prefeitura, quanto contra os
ataques deferidos pelo PT ao funcionalismo público durante as últimas greves
federais. Quanto a isso, a própria Débora posicionou-se claramente em seu
discurso: “Nós não podemos nos enganar:
Quem representa de fato os trabalhadores em Maringá e em todo o Brasil? Eu
lamento dizer isso, mas os colegas da mesa não representam...”[2] (apontando para
todos os demais prefeituráveis durante seu discurso aos servidores municipais).
Já em sua postagem no facebook, escreve “...acredito, que na atualidade eleger
Enio Verri significa pensar em quem realmente sofre com a falta de acesso aos
direitos que deveriam ser universais, como o acesso a saúde e a moradia”. Ora, Enio teve uma mudança em sua posição política que justifique esta
afirmação agora ou Débora mudou de posição sobre quem “representa os
trabalhadores” neste segundo turno?
Conforme nota que já publicamos em
nosso blog, seguimos com o primeiro discurso de Débora: Nem Pupin, nem Enio, representam os interesses da classe trabalhadorade Maringá. Eles não governarão para nossa classe e sim para o grande
capital, que financiaram suas campanhas milionárias. Seguimos chamando voto
nulo, crítico e de protesto para o segundo turno, pois não vendemos ilusões aos
trabalhadores.
Se é verdade que a vitória de Pupin
significa a continuidade da oligarquia Barros, a vitória de Enio é a vitória
daqueles que estão com o mensalão, com as suspeitas de desvio de verbas do
Contorno Norte, com o superfaturamento da Sanches Tripoloni (empresa
maringaense que teve lucros exorbitantes na construção do contorno norte). Não
estamos com a oligarquia de Barros, assim como não estamos com o mensalão
petista. Trocar os grupos políticos que
administram a prefeitura em nada modificará a situação da população
maringaense.
Se também é verdade que “Barros representa o fim dos espaços
públicos, a especulação imobiliária, o desrespeito aos servidores municipais, a
repressão aos movimentos populares, enfim, representa um governo da elite que
marginaliza e criminaliza a juventude, as mulheres e a pobreza”, o governo
petista não é nada diferente. Foi o PT de Dilma e Verri que cortou o ponto dos
servidores federais em greve, assim como é o mesmo PT que aplica uma política
de higienização, jogando a população pobre cada vez mais para a periferia, para
garantir as obras da copa. O PT nada fez com a desocupação do Pinheirinho e
agora assistimos a submissão de Dilma sobre os índios Kaiowa/Guarani que estão
jogados a própria sorte correndo risco de vida. O PT que critica a falta de
creches em Maringá e o caos no transporte público é o mesmo PT que prometeu a
construção de 6 mil creches e não entregou nenhuma, assim como é o mesmo PT que
privatiza as rodovias e aeroportos do país. Verri, assim como Pupin, também representa “o fim dos espaços públicos, a especulação imobiliária, o desrespeito
aos servidores municipais, a repressão aos movimentos populares, enfim,
representa um governo da elite que marginaliza e criminaliza a juventude, as
mulheres e a pobreza”
Discordamos veementemente de que o
voto nulo é “deixar que alguém escolha
por você”. Reivindicamos o voto nulo como o voto de crítico e de protesto!
É o voto de insatisfação contra ambos os candidatos e mostrará o primeiro
desgaste desses governos, ganhe quem ganhar! Uma grande soma de votos nulos
poderá ajudar a enfraquecer o futuro governo, já que ele será inimigo de nossa
classe em qualquer situação! O voto que
enfraquece a direita é o mesmo voto que enfraquece a frente popular, é o VOTO
NULO, pois ambos governam para o grande capital e ambos estão contra nós!
A julgar por
diversos comentários de companheiros do PSOL no facebook, a posição de Débora
não é consenso no partido e, portanto foi decidida de maneira individual e sem
consulta ao coletivo do partido para debate. Esse tipo de postura merece de
nossa parte uma reflexão.
Acreditamos
que a democracia partidária se dá através da tomada de decisões coletivas e não
das aspirações individuais de cada militante. Não faria sentido algum
formar um partido de esquerda, onde a democracia do indivíduo vale mais que a
democracia do coletivo. Sendo assim, o respeito das figuras públicas do partido
com aquilo que foi votado e encaminhado pela militância deve ser maior que suas
aspirações individuais. É assim que construímos nosso partido! É este respeito
à base que esperamos da direção do PSOL e de suas figuras públicas.
Caso, de fato, a
posição de Débora esteja em desacordo com a posição do Diretório de Maringá
(conforme atestam alguns dirigentes em comentários ao post da ex-candidata), a
situação é ainda muito pior. Neste caso, infelizmente, Débora sucumbe ao método
individualista tão combatido pela esquerda Psolista, onde as figuras públicas,
pela sua influência política definem a linha de acordo com sua posição e não de
acordo com o que foi votado e definido pelo coletivo. É um desrespeito ao
partido, é um desrespeito à esquerda.
Por fim, somos
solidários à militância do PSOL que não teve acesso ao debate e à posição da
companheira. Ratificamos aqui o método partidário e o debate político, por mais
doloroso e difícil que possa ser, como ferramenta essencial para avançarmos em
nossa pauta comum: o socialismo!
Bruno Coga
Maringá, 26 de
outubro de 2012.
Eu estive na Câmara Municipal de Maringá, quando tivemos um palestrante falando sobre a Comissão da Verdade e também o professor da UEM, Reginaldo Dias. Nesta ocasião, eu tive a oportunidade de Conhecer esta Débora. Da forma que ela se comportou naquele debate, eu sugiro para ela que vá estudar e muito, porque seu ponto de visto sobre alguns assuntos é mais equivocado do que a sua candidatura a prefeitura de Maringá.
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