quinta-feira, 20 de junho de 2013

NOTA PÚBLICA DO PSTU SOBRE OS DESDOBRAMENTOS NO ATO DE MARINGÁ DE 18/06/2013

Na última terça-feira, 18 de junho, Maringá foi palco de uma enorme manifestação. Cerca de 10 mil pessoas percorreram as ruas do centro da cidade para exigir a revogação do aumento da tarifa de ônibus e protestar contra as atuais condições de vida da população trabalhadora e pobre. Maringá não é a exceção! Em todo o país milhares e milhares de manifestantes saem às ruas em protestos espontâneos, demonstrando sua insatisfação com os governantes e a indignação com a repressão policial e a criminalização dos movimentos sociais. 

Embora o estopim das mobilizações tenha sido o aumento das passagens, é a atual política econômica do governo federal, aplicada a ferro e fogo nos estados e municípios, por governadores e prefeitos da base governista e da oposição de direita a principal responsável pelo povo nas ruas. A Inflação, o arrocho salarial e o endividamento das famílias somado à política de privatizações, concessões, desonerações ao setor privado, ataques aos direitos dos trabalhadores e mortes no campo, tudo isto tem contribuído para o descontentamento e indignação popular.

Greve dos Servidores Municipais de Maringá 2006
Nós do PSTU estamos com o povo! Estamos na luta e nas ruas construindo e compondo junto com a juventude, a classe trabalhadora e os setores oprimidos e explorados, os atos e as mobilizações, levantando palavras de ordem e ajudando a engrossar a voz dos que não toleram mais tanto descaso e humilhação. Compreendemos o sentimento antipartido de muitos dos manifestantes e os gritos contra as bandeiras dos partidos de esquerda que compõem os atos. Esse sentimento é parte, por um lado, da indignação contra os partidos e políticos tradicionais de direita, representantes legítimos da burguesia e por outro, da experiência com o PT, que após tantos anos lutando contra esses mesmos partidos e setores conservadores, acabou se rendendo a eles e ao chegar no governo, em nome de uma suposta “governabilidade”, sacrifica os interesses dos trabalhadores. Esse sentimento antipartido é, portanto, legítimo na medida em que exprime essas experiências.

Entretanto, a justeza desse sentimento, não significa que ele está correto, não se pode simplesmente colocar um sinal de igual entre todos os partidos e daí tirar a conclusão de que nenhum serve. Uma coisa são os partidos de direita, representantes da burguesia, outra muito diferente são os partidos e organizações da esquerda que sempre estiveram na trincheira da classe trabalhadora e que sempre lutaram junto com a classe e na sua defesa. Esses partidos e organizações nada têm a ver com os partidos burgueses da elite dominante e, portanto não podem ser tratados da mesma forma. 

No Brasil os partidos e organizações de esquerda sempre jogaram um papel fundamental. Organizando os trabalhadores, lutaram contra o fascismo e a ditadura militar, ajudaram a conquistar direitos, a democracia e as liberdades democráticas. Inúmeros militantes de esquerda deram o sangue e a vida para garantir a liberdade de expressão e de manifestação dos que hoje saem às ruas. Negar aos partidos e organizações de esquerda o direito de levantar suas bandeiras nos atos e manifestações é rasgar a nossa história, é jogar no lixo a honra desses militantes que tombaram na luta. 

Manifestação da Ocupação da Reitoria UEM - 2011 
O PSTU sempre esteve na luta ao lado dos trabalhadores e da juventude. Em nossa cidade, fomos um dos poucos partidos que tiveram a coragem de enfrentar a família Barros, denunciando a corrupção e os ataques aos trabalhadores. À frente do sindicato dos servidores municipais fizemos greve, na direção do DCE ocupamos a reitoria da UEM, nas eleições colocamos nossa campanha e nossos programas de rádio e TV a serviços das greves e das lutas. Estivemos à frente de greves, mobilizações, piquetes e tantas lutas mais, e muitos dos nossos militantes enfrentaram a polícia, foram ameaçados, presos e processados, o que muito nos orgulha. É por isso que temos o direito de levantar nossas bandeiras, porque somos e sempre fomos um partido que lutou e luta ao lado da classe trabalhadora e da juventude. 

Entretanto existem setores de direita e de ultradireita que valendo-se desse sentimento antipartido aproveitam para desferir ataques morais e físicos contra os partidos de esquerda e assim bloquear a organização política dos trabalhadores. Através das redes sociais incitam os manifestantes de forma a coibir nossa participação nos atos. De maneira antidemocrática, provocadores e militantes fascistas nos atacam, arrancando nossas bandeiras, ofendendo e agredindo fisicamente nossos militantes, tudo com o objetivo de desmoralizar os partidos e organizações da classe trabalhadora. 

Esses ataques têm sucedido na maior parte das manifestações que ocorrem pelo país e Maringá não é diferente. Na manifestação do dia 18 os militantes do PSTU foram literalmente atacados por estes provocadores de ultradireita. E se é verdade que conseguimos resistir de forma honrosa e manter nossas bandeiras de pé, não é menos verdade que infelizmente outros partidos operários e de esquerda tiveram uma atitude conivente com essa postura antidemocrática, capitulando aos setores de direita e nos deixando à mercê dos provocadores e militantes fascistas. 

Entretanto, longe de fortalecer o movimento, a conivência de setores de esquerda a essa postura antidemocrática somente nos enfraquece e abre espaço para que a direita tome o controle e a direção das manifestações. Hoje exigem que os partidos e organizações de esquerda baixem suas bandeiras, amanhã impedirão nossas camisetas e faixa, a seguir ordenarão que nos retiremos dos atos... E caso não aceitemos não temos dúvida de que se organizarão para nos tirar “a pauladas”. 

* Diante disso fazemos um chamado democrático de auto-defesa a todos os partidos políticos para que reavaliem sua conduta e junto com as outras organizações dos trabalhadores, populares e estudantis (sindicatos, organizações estudantis e outros movimento sociais) e se somem a nós do PSTU para construir uma frente classista contra os ataques da direita e da ultradireita infiltradas no movimento. 

Por liberdades democráticas dentro do movimento! 

Pelo livre direito de se organizar e manifestar!

Por liberdade de expressão, inclusive político-partidária e de uso e hasteamento de bandeiras!

Somente a luta consciente dos trabalhadores e da juventude poderá mudar o país!

Direção Regional do PSTU-Maringá
19/06/2013

* modificado em 20/06/2013 às 16:15

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