Correios: CTB e CUT traem trabalhadores e impõem o fim da greve no Rio
Vinte e dois sindicatos decidem continuar a greve nacional
Na noite de sexta feira, 18/9, após uma passeata com mais de 1.500 trabalhadores, a direção do sindicato do Rio de Janeiro, dirigido pela CTB, operou uma infinidade de manobras e impôs a aceitação do acordo coletivo com validade para dois anos e o fim da greve, anunciando uma possível derrota sem precedentes na história do movimento sindical nos correios.
Já na assembléia da noite anterior a CTB e a CUT queriam aceitar o acordo bianual e acabar com o movimento. Os dirigentes do sindicato anunciaram na imprensa o fim da greve e percorreram os locais de trabalho intimidando e ameaçando os trabalhadores que bravamente garantiam os piquetes. Com argumentos mentirosos diziam que a greve estava fraca em todo o país e só no Rio de Janeiro a proposta estava sendo recusada. Insultavam os militantes da Oposição Nacional Conlutas de todas as formas diante de nossa intransigente defesa contrária ao acordo bianual e nossa organização de centenas de trabalhadores enfurecidos que entoavam a palavra de ordem: “Dois anos não, sindicato pelegão!”
Um diretor do sindicato conhecido como Azevedo agrediu um militante da Conlutas com coices e cabeçadas quando este subiu no carro de som para dividir a fala com um trabalhador de base. Outro diretor conhecido por Cláudio Lobinho, tirou sua pele de cordeiro e percorreu os Centros de Distribuição na Zona Oeste ameaçando os carteiros nos piquetes dizendo que ele estava garantido e “blindado” por ser diretor do sindicato, mas “a base tinha mais é que se f.”. Repetindo o discurso que aprenderam no curso em parceria com o diretor regional dos Correios do Rio, os diretores do sindicato Ronaldo Leite, Marcos Sant'águida, Anizio e Cláudio Lobinho ameaçavam que os dias seriam descontados e mentiam que a ECT já tinha entrado com ação no TST.
Na manhã de sexta-feira a direção do sindicato percorreu os locais de trabalho com baixa adesão à paralisação, convocando para a passeata os trabalhadores que furavam a greve. Com o cartão de ponto batido os trabalhadores foram liberados pelos chefes e rumaram para a assembléia realizada na Cinelândia. Durante a passeata os militantes da Conlutas foram impedidos de subir no carro de som, somente a CUT e CTB. Após o fim da passeata, onde só foram permitidas dez falas no carro de som, foram seis da CUT-CTB favoráveis ao acordo bianual e quatro contrárias, dentre estas uma da Conlutas.
Pela imprensa, a diretoria do sindicato já declarava o previsto fim da greve e afirmava que precisaria “explicar” a proposta à categoria, mas era apenas o ardil necessário para acabar com a greve. Confusos e sem as “explicações” prometidas dois terços dos trabalhadores presentes na assembléia caíram na cilada armada pela direção do sindicato e votaram pela aceitação do nefasto acordo bianual e saída da greve.
O objetivo da CTB e CUT está muito claro: assinar um acordo com validade de dois anos, para que no ano que vem não ocorra nenhum conflito dos trabalhadores com o governo Lula e sua candidata a presidente da república e demais candidatos.
Outro objetivo dos sindicalistas governistas é facilitar o projeto da direção da ECT e do governo na transformação da empresa em Correios S/A. O diretor do sindicato Marcos Sant'águida, já está sendo chamado de “Marquinhos S/A”, pois é um ferrenho defensor da transformação da ECT em sociedade anônima. Já está claro que o objetivo entre os sindicalistas governistas é pegar uma boquinha como membros do Conselho de Administração da nova empresa privatizada. Pois, conforme o parágrafo único do artigo 40 da Lei das S/A (6.404), incluído por FHC e mantido por Lula, está prevista a “participação no conselho de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem.”
Sabemos que luta de classes é dinâmica e a história se repete como farsa ou como tragédia. Este pretenso acordo coletivo bianual, se implantado, poderá se tornar um modelo para as demais categorias em luta, como bancários, petroleiros, metalúrgicos, o que seria uma derrota imposta pelo governo de frente popular ao conjunto dos trabalhadores brasileiros.
Caso as direções da CUT e da CTB tivessem realmente compromisso com os interesses da classe trabalhadora a postura coerente seria a convocação de nova assembléia no RJ para retomada e fortalecimento da greve que se mantem forte e resistente na maioria dos 35 sindicatos dos trabalhadores dos Correios.
Heitor Fernandes, do Rio de Janeiro (RJ), diretor da FENTECT pela oposição Conlutas
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