terça-feira, 29 de setembro de 2009

UMA LIÇÃO
Editorial do Opinião Socialista Nº 390

• Vivemos uma conjuntura de lutas salariais, provavelmente as mais importantes de todo o ano. Greves metalúrgicas, bancários, trabalhadores dos Correios construção civil, entre outras categorias, estão saindo à luta.

Um elemento que se deve ressaltar é que os trabalhadores, em distintos momentos, apresentaram um grau de radicalização e disposição de luta que não existia nos anos anteriores. Exemplos não faltam: os operários da construção civil de Belém (PA) se enfrentam duramente com a polícia; os metalúrgicos de Taubaté se rebelam contra a direção da CUT e impõem um aumento semelhante ao conquistado pelos metalúrgicos da GM de São José dos Campos (SP).

Por trás dessa radicalização existe uma base real, a piora das condições de vida como resultado da crise. O salário está ruim, o trabalhador tem que trabalhar por si e por seu colega que foi demitido. O resultado é um ritmo infernal na linha de produção. As doenças do trabalho se proliferam, atingindo seus colegas de trabalho e agora você.

Trata-se do preço que está sendo pago pelos trabalhadores pela crise. A recuperação parcial que ocorre neste momento só é possível devido às condições de vida dos trabalhadores. É natural, então, que a situação dentro das empresas surja nas mobilizações salariais.

Essa bronca vai continuar, mesmo depois das greves atuais. Mas vale a pena pensar na situação nacional como um todo e ver se tiramos uma lição de tudo isso. Foi divulgada uma pesquisa de opinião que indica que o governo Lula tem o apoio de 84% dos que ganham até dois salários mínimos.

Isso significa que, mesmo com toda essa bronca, os trabalhadores não culpam o governo pela situação, mas as empresas. É muito importante que os trabalhadores entendam que o patrão é seu inimigo, porque isso é uma parte da verdade. Mas a outra é que existe uma política econômica sendo aplicada no país pelo governo Lula.

Nessas campanhas salariais ocorreram várias rebeliões de bases contra a CUT, a Força Sindical e a CTB, passando por cima dessas direções. É também muito importante que os trabalhadores façam sua experiência com o peleguismo da CUT e Força Sindical e CTB. Mas é necessário entender que essas centrais têm uma direção que é Lula. O governo mandou esses dirigentes acabarem com a greve dos Correios, e eles acabaram.

É necessário que existam muitas rebeliões de base contra o governo. É preciso que se aprenda uma lição da crise e da recuperação atual: o governo esteve, está e estará ao lado dos patrões, fazendo com que os trabalhadores paguem a conta. A política econômica do governo é a defesa dos interesses dos bancos e multinacionais.

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