sexta-feira, 25 de setembro de 2009


Em São Paulo acaba a greve dos trabalhadores dos Correios após manobra realizada pela CTB

 
 
Pelegos ignoraram decisão de manter a greve e declararam a greve encerrada. Deixaram a Praça da Sé escoltada
Na sexta-feira, dia 18, o presidente Lula deu seu recado aos sindicalistas governistas, exigindo “coragem” para acabar com a greve. No mesmo dia, os sindicalistas da CTB no Rio de Janeiro cumpriram a ordem do presidente. O sindicato de São Paulo demorou um pouco mais, mas, nesta quinta-feira, repetiu as manobras feitas no Rio de Janeiro e em outros lugares, como Mato Grosso do Sul, e declararam a greve simplesmente "encerrada".
A assembléia foi um ataque à democracia e um desrespeito com a categoria, que lotou a praça da Sé em cada um dos nove dias de greve. Primeiro, a CTB chamou o advogado do sindicato, para que este apresentasse os perigos de continuar com a greve. Foi uma preparação para o que viria depois, uma tentativa de estabelecer o medo de punições entre os trabalhadores.
Depois, os dirigentes do sindicato, que fizeram discursos inflamados durante vários dias, deixaram cair sua última máscara e mostraram que também são aprendizes de feiticeiros. Defenderam a proposta inicial da empresa, de acordo de dois anos, com 9% de reajuste nesse período, que os trabalhadores haviam rejeitado diversas vezes. Para isso, chegaram a mentir aos trabalhadores, garantindo que se aprovassem, não haveria o desconto dos dias parados. Algo que não foi dito nem pela empresa nem pelo governo. Ao contrário, o próprio Lula, em seu recado, havia ameaçado com o corte do ponto.
“Na hora em que começar a descontar o dia, as pessoas vão perceber que às vezes, no sonho de querer tudo, termina não tendo nada” disse Lula, sobre a greve dos Correios.

Pelego, pelego!
Mesmo com a pressão, os trabalhadores mostraram que têm coragem para seguir lutando. A maioria levantou os braços, aprovando a continuidade da greve, pelo acordo anual e pelo aumento de R$ 300, defendida no carro de som pelo representante da Oposição Nacional Conlutas, Geraldinho Rodrigues.
Mesmo com cerca de 60% aprovando a continuidade da greve, os dois dirigentes do sindicato declararam a greve encerrada e desligaram o carro de som. A reação dos trabalhadores foi imediata: uma chuva de vaias e protestos. Os mais calmos chamavam os sindicalistas de pelegos. Os mais exaltados, gritavam todo tipo de palavrão para mostrar sua revolta. Alguns trabalhadores, de setores onde a CTB dirige, se revoltaram e partiram pra cima dos pelegos. O principal dirigente do sindicato levou um murro no rosto, assim que desceu do carro de som, e os traidores tiveram de deixar a Praça da Sé escoltada por seguranças.
Para Geraldinho Rodrigues, “O PCdoB desmontou a greve, mesmo quando havia forte disposição para seguir adiante. Repetiu o que a CUT fez com os metalúrgicos do ABC, aceitando o acordo rebaixado sem lutar. No final, mostraram mais uma vez que são agentes do governo”.
Ao final, um grupo de trabalhadores se reuniu com a Oposição Conlutas, para avaliar a assembléia e discutir a melhor forma de denunciar o que havia ocorrido para os demais trabalhadores. O clima de revolta com o sindicato era grande entre todos. “A traição da CTB foi vergonhosa. Quem estava na assembléia, saiu revoltado. Além de lutar contra a direção da empresa, que quer privatizar os Correios, temos de construir uma forte oposição, que derrote essa burocracia traidora, que obedece ao governo”, afirma Geraldinho.
Ainda nesta quinta-feira, o sindicato de Rondônia também aprovou o acordo com a empresa. Nesta sexta-feira, outros sindicatos, como os de Brasília, Campinas e Pernambuco, avaliam se permanecem em greve.
Gustavo Sixel

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